Tratamento da intoxicação pelo paracetamol
Na presença de uma overdose por paracetamol é essencial um levantamento exato da situação: o tipo de preparação, a quantidade e o tempo passado após a ingestão do fármaco podem ser pontos fulcrais no tratamento.
Assim, os pacientes que se apresentem 1 hora após uma possível intoxicação pelo paracetamol podem beneficiar de um tratamento gástrico com administração de carvão activado, que se liga ao paracetamol no lúmen gástrico, impedindo a sua ação. [1,2]
Até 4 horas após a ingestão de doses tóxicas de paracetamol, pode também ser útil a aspiração e lavagem gástrica, bem como a indução de emése. [1,2]
Os principais compostos utilizados como antídotos de intoxicações pelo paracetamol são a
N-acetilcisteína e L-metionina. [3]
A metionina é um aminoácido que indiretamente restabelece as reservas hepáticas e renais de glutationa, após conversão a cisteína, via homocisteína. No entanto, nem sempre é totalmente eficaz devido à inativação, pelo NAPQI, das enzimas-chave cistationa sintetase e cistationase. Para além disso, a metionina não é um tiol, pelo que não consegue formar diretamente aductos com o NAPQI. [3]
A N-acetilcisteína tem a capacidade de restabelecer diretamente as reversas de glutationa por si só e através da cisteína, que é rapidamente produzida no plasma a partir da N-acetilcisteína. Adicionalmente, a N-acetilcisteína pode surgir como uma fonte de sulfatos para a conjugação com o paracetamol e tem a capacidade de reduzir ou se conjugar diretamente com o NAPQI. Por fim, as suas capacidades antioxidantes podem ter um papel importante na proteção de danos microvasculares, aquando da acumulação neutrofílica. [3]
A cisteína possui uma ação protetora ao: [1]
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Estimular a síntese de GSH;
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Inativar diretamente o NAPQI;
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Originar sulfato inorgânico;
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Reduzir diretamente grupos sulfidrilo proteicos;
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Restaurar enzimas proteolíticas capazes de degradar as proteínas conjugadas com o NAPQI.
Figura 1 - Função da cisteína no tratamento da intoxicação por paracetamol. (Adaptada de https://timpateblog.wordpress.com/2011/12/07/why-worry-about-low-homocysteine/.) [4]
1. Remião, F., Mecanismos de Citotoxicidade: Stress Oxidativo. 2015.
2. Kennon Heard, M. and R. Dart, Acetaminophen (paracetamol) poisoning in adults: Treatment. 2014.
3. Thomas, S.H., Paracetamol (acetaminophen) poisoning. Pharmacol Ther, 1993. 60(1): p. 91-120.
4. Why worry about Low Homocysteine? 2011 [cited 2015 16/05]; Available from: https://timpateblog.wordpress.com/2011/12/07/why-worry-about-low-homocysteine/.